Olacaceae

Cathedra bahiensis Sleumer

Como citar:

Mary Luz Vanegas León; Patricia da Rosa. 2019. Cathedra bahiensis (Olacaceae). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

NT

EOO:

216.069,505 Km2

AOO:

76,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Sim

Detalhes:

Espécie endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Foi registrada nos estados da BAHIA, municípios de Alcobaça (Carvalho 2476), Caravelas (Harley 18031), Marau (Belém 3055), Porto Seguro (Folli 799), Santa Terezinha (nEVES 44); ESPÍRITO SANTO, municípios de Aracruz (Gomes 4065), Conceição da Barra (Jesus 100), Linhares (Folli 2046), Guarapari (Rosa 273), Piuma (Pirani 3503), Presidente Kennedy (Zorzanelli 616); PERNAMBUCO, município de Recife (Lima 49-334). De acordo com a Flora do Brasil 2020 em construção (2019), a espécie ocorre em Pernambuco, porém registro atribuído ao táxon neste estado foi confirmado pela especialista E.F. Guimarães.

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2019
Avaliador: Mary Luz Vanegas León
Revisor: Patricia da Rosa
Categoria: NT
Justificativa:

Árvore de até 20 m de altura, endêmica do Brasil (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019). Conhecida popularmente como baleira, foi coletada em Floresta de Tabuleiro, Floresta Ombrófila e Restinga arbórea associada a Mata Atlântica nos estados da Bahia, Espírito Santo e Pernambuco. Apresenta distribuição ampla, EOO= 182031 km² e AOO= 72 km², porém sua população encontra-se severamente fragmentada. A agricultura é o principal responsável pela fragmentação do habitat, nos estados da Bahia e Espírito Santo a maioria das propriedades particulares são fazendas produtoras de cacau (Alger e Caldas, 1996; Landau, 2003; Paciência e Prado, 2005) e a maior parte do CEPE foi destruída devido à conversão do solo em campos de pastagem e plantações de cana-de-açúcar (Silva e Tabarelli, 2000; 2001). Além disso a região de ocorrência da espécie apresenta intensa especulação imobiliária (Simões e Lino, 2003). Não existem dados sobre tendências populacionais e não são descritos usos efetivos ou potenciais que comprometam sua sobrevivência na natureza. Diante do exposto, a espécie foi considerada Quase Ameaçada (NT), demandando ações de pesquisa (tendências e tamanho populacional) e conservação ex-situ a fim de se garantir sua conservação na natureza.

Último avistamento: 2018
Possivelmente extinta? Não
Severamente fragmentada? Sim

Perfil da espécie:

Obra princeps:

Descrita originalmente em: Flora Neotropica, Monograph 38: 111, f. 12F. 1984. Popularmente conhecida por: baleira (Souza 294) na Bahia.

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido
Detalhes: Não é conhecido o valor econômico da espécie.

População:

Flutuação extrema: Desconhecido
Detalhes: Não existem dados sobre a população. Entretanto, é descrita como ocasional em algumas localidades e como uma espécie em declínio na região de Aracruz (Gomes 4065).

Ecologia:

Substrato: terrestrial
Forma de vida: tree
Longevidade: unkown
Biomas: Mata Atlântica
Vegetação: Floresta Ombrófila (Floresta Pluvial), Restinga
Fitofisionomia: Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófila Densa
Habitats: 1.5 Subtropical/Tropical Dry Forest, 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland Forest
Clone: unkown
Rebrotar: unkown
Detalhes: Árvore de até 20 m, com ocorrência confirmada em Floresta de Tabuleiro, Floresta Ombrófila e Restinga arbórea associada a Mata Atlântica nos estado da Bahia, Espírito Santo (Flora do Brasil 2020 em construção, 2019) e, possivelmente, Pernambuco.
Referências:
  1. Olacaceae in Flora do Brasil 2020 under construction. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Available at: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB10954>. Accessed on: 15 Aug. 2019

Reprodução:

Detalhes: Frutifica em janeiro (Siqueira 1256), flores em outubro (Lima 49-334).
Fenologia: fruiting (Jan~Jan), flowering (Oct~Oct)

Ameaças (4):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1 Residential & commercial development habitat,occurrence past,present,future national very high
Destruição da floresta no Centro de Endemismo de Pernambuco - CEP começou há cinco séculos, impulsionado principalmente pela cana-de-açúcar plantações e usinas e pecuária (Pontes et al., 2003. Grande parte da fragmentação da floresta tropical provavelmente ocorreu 300 ± 500 anos atrás, pelas atividades humanas como, agricultura, pecuária, desmatamento, extração e caça espécies. A atual situação alarmante do CEP ocorreu devido à remoção da vegetação nativa (Olmos, 2005, Silveira et al., 2003a). Atualmente, existem apenas 157 áreas protegidas na região (Paula, 2012). Em comparação com outros setores da Mata Atlântica, o centro de Pernambuco é o que tem sido mais severamente impactado por seres humanos, além de ser o menos conhecido e protegido (Coimbra-Filho, Camara 1996). Os remanescentes florestais estão altamente fragmentados, e os numerosos pequenos fragmentos estão espalhados em uma matriz que certamente é prejudicial à sobrevivência deles em longo prazo, podendo levar a extinção de espécies nos remanescentes da floresta tropical (Turner et al., 1994, 1996). Tem sido demonstrado que os sérios distúrbios ambientais no CEPE levaram algumas espécies ao limite da capacidade de carga do meio ambiente, aumentando significativamente a competição por comida e território.
Referências:
  1. Pontes, A.R.M., Normande, I.C., Fernandes, A.C.A., Ribeiro, P.F.R., Soares, M.L.S. 2006. Fragmentation causes rarity in common marmosetsin the Atlantic forest of northeastern Brazil. Biodivers Conserv 16:1175–1182.
  2. Silveira, L.F., Olmos, F., Long, A. 2003. Birds in Atlantic Forest Fragments in north-east Brazil. Cotinga, n. 20, pp. 32-46.
  3. Turner, I.M., Tan, H.T.W., Wee, Y.C., Ibrahim, A.B., Chew, P.T., Corlett, R.T. 1994. A study of plant species extinction in Singapore: lessons for the conservation of tropical biodiversity. Conserv. Biol. 8, 705-12.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
2 Agriculture & aquaculture
A área relativamente grande ocupada por categorias de uso do solo como pastagem, agricultura e solo descoberto, e a pequena área relativa ocupada por floresta em estágio avançado de regeneração revelam o alto grau de fragmentação da Mata Atlântica no Sul-Sudeste da Bahia (Landau, 2003, Saatchi et al., 2001). Grande parte das florestas úmidas do sul da Bahia estão fragmentadas como resultado da atividade humana realizadas no passado, tais como o corte madeireiro e implementação da agricultura (Paciencia e Prado, 2005). Estima-se que a região tenha 30.000 ha de cobertura florestal (Paciencia e Prado, 2005), 40.000 ha em estágio inicial de regeneração e 200.000 ha em área de pasto e outras culturas, especialmente cacau, seringa, piaçava e dendê (Alger e Caldas, 1996). A maioria das propriedades particulares são fazendas de cacau, o principal produto da agricultura (Paciencia e Prado, 2005), sendo a cabruca considerada a principal categorias de uso do solo na região econômica Litoral Sul da Bahia (Landau, 2003). Nas florestas litorâneas atlânticas dos estados da Bahia e Espírito Santo, cerca de 4% da produção mundial de cacau (Theobroma cacao L.) e 75% da produção brasileira é obtida no que é chamado localmente de "sistemas de cabruca". Neste tipo especial de agrossilvicultura o sub-bosque é drasticamente suprimido para dar lugar a cacaueiros e a densidade de árvores que atingem o dossel é significativamente reduzida (Rolim e Chiarello, 2004, Saatchi et al., 2001). De acordo com Rolim e Chiarello (2004) os resultados do seu estudo mostram que a sobrevivência a longo prazo de árvores nativas sob sistemas de cabruca estão sob ameaça se as atuais práticas de manejo continuarem, principalmente devido a severas reduções na diversidade de árvores e desequilíbrios de regeneração. Tais resultados indicam que as florestas de cabrucas não são apenas menos diversificadas e densas do que as florestas secundárias ou primárias da região, mas também que apresentam uma estrutura onde espécies de árvores dos estágios sucessionais tardios estão se tornando cada vez mais raras, enquanto pioneiras e espécies secundárias estão se tornando dominantes (Rolim e Chiarello, 2004). Isso, por sua vez, resulta em uma estrutura florestal drasticamente simplificada, onde espécies secundárias são beneficiadas em detrimento de espécies primárias (Rolim e Chiarello, 2004).
Referências:
  1. Alger, K., Caldas, M., 1996. Cacau na Bahia: Decadência e ameaça a Mata Atlântica. Ciência Hoje, 20, 28-35.
  2. Landau, E.C., 2003. Padrões de ocupação espacial da paisagem na Mata Atlântica do sudeste da Bahia, Brasil, in: Prado, P.I., Landau, E.C., Moura, R.T., Pinto, L.P.S., Fonseca, G.A.B., Alger, K. (Orgs.), Corredor de biodiversidade da Mata Atlântica do sul da Bahia. IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP, Ilhéus, p. 1–15.
  3. Paciencia, M.L.B., Prado, J., 2005. Effects of forest fragmentation on pteridophyte diversity in a tropical rain forest in Brazil. Plant Ecol. 180, 87–104.
  4. Rolim, S.G., Chiarello, A.G., 2004. Slow death of Atlantic forest trees in cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodivers. Conserv. 13, 2679–2694.
  5. Saatchi, S., Agosti, D., Alger, K., Delabie, J., Musinsky, J., 2001. Examining fragmentation and loss of primary forest in the Southern Bahian Atlantic Forest of Brazil with radar imagery. Conserv. Biol. 15, 867–875.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 1.3 Tourism & recreation areas habitat present regional medium
A região litoral sul do Espírito Santo apresenta elementos potenciais para o desenvolvimento de diversas atividades econômicas, sobretudo dos setores turístico e residencial. Entretanto, a não compatibilização dessas atividades com os recursos naturais disponíveis vem gerando modificações no meio físico/natural com elevado grau de desequilíbrio físico-territorial e ambiental, o que tem comprometido seriamente a estruturação do desenvolvimento regional (IPES, 2000). No território do Norte Fluminense é a crescente taxa de urbanização, com crescentes fluxos migratórios atraídos pela crescente oportunidade oferecida pelo setor petrolífero (Lemos et al., 2014). Adicionalmente, o setor do turismo vem sendo incentivado nas áreas Norte-Noroeste Fluminense, conhecidas como Costa Doce e Noroeste das Águas, respectivamente (Costa, 2015, SETUR, 2018).
Referências:
  1. Costa, J.C., 2015. Os processos de apropriaçãi espacial da Praia dos Anjos e Praia Grande pelos visitantes e moradores de Arraial do Cabo, RJ. Monografia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 103p.
  2. Lemos, L.M., Araujo, B.P., Freitas, C.A. 2014. Dinâmicas territoriais no estado do Rio de Janeiro a partir dos anos de 1970: o Noroeste Fluminense e as Baixadas Litorâneas. Disponível em <http://www.cbg2014.agb.org.br/resources/anais/1/1404136739_ARQUIVO_CBG2014Bruna,CintiaeLinovaldo.pdf>. Acesso em 08 de dezembro de 2018.
  3. SETUR, 2018. Secretaria de Estado e Turismo. Disponível em <http://www.rj.gov.br/web/setur/exibeconteudo?article-id=2527548> . Acesso em 08 de dezembro de 2018.
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1.2 Ecosystem degradation 2.1.3 Agro-industry farming habitat,occurrence past,present regional high
Área largamente utilizada por atividades agropecuária, destacando o café no Estado do Espírito Santo e a cana-de-açúcar e pecuária no Rio de Janeiro (Lumbreras et al.,2004, Zoccal et al. 2006). No passado, a monocultura do café constituía a grande riqueza fluminense, influenciando o cultivo dos cafezais capixabas na região sul do estado. No entanto, erosão dos solos e a abolição da escravatura provocaram sua decadência, sendo substituído pelo plantio de cana-de-açúcar, principalmente na região norte-fluminense. Adicionalmente, o cultivo da cana-de açúcar, foi responsável pelo desaparecimento quase que completo das formações florestais (Fundação CIDE, 2001). A cana-de-açúcar, item mais expressivo da produção agrícola no fim do século XX, mantém-se como principal produto agrícola, com seu cultivo concentrado na região de Campos. Ainda hoje, o cultivo da cana e a produção do açúcar/álcool se posicionam com destaque na economia. No sul do Espírito Santo, o café continua sendo a principal atividade agrícola (SEAMA 2018).
Referências:
  1. Zoocal, R., Assis, A.G., Evangelista, S.R.M. 2006. Distribuição geográfica da pecuária leiteira no Brasil. Revista Política Agrícola. Publicação da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, n 4, 47-58.
  2. Lumbreras, JF., Carvalho Filho, A., Motta, P.E.F., Palmeri, F. Calderano, S.B., Baruqui, A.M., Pereira, N.R. Naime, U.J., Lemos, A.L., 2004. Macropedoambientes da Região Noroeste Fluminense - uma contribuição ao planejamento ambiental. Rio de Janeiro : Embrapa Solos,n 64, 21 p.
  3. Fundação CIDE - Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro. 2001. IQM Verde - Índice de Qualidade de Municípios.
  4. SEAMA - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2018. Atlas da Mata Atlântica do Espírito Santo: 2007-2008/2012-2015. Sossai, m.F. (coord.). Cariacica, ES.

Ações de conservação (2):

Ação Situação
1.1 Site/area protection on going
Foi registrada dentro dos limites de Unidades de Conservação, entre elas: RPPN Veracel (Folli 799), Reserva Natural Vale - Linhares (CVRD)
Ação Situação
2.1 Site/area management needed
A espécie ocorre dentro de municípios que serão contemplados por Plano de Ação Nacional (PAN) territorial dentro do âmbito do projeto GEF pró-espécies todos contra a extinção.

Ações de conservação (1):

Uso Proveniência Recurso
17. Unknown
Não existem dados sobre usos efetivos ou potenciais.